A EDUCAÇÃO POPULAR TECENDO
TRILHAS DE REENCONTROS PELOS CAMINHOS DO SERTÃO: o Movimento Escambo
construindo ação-reflexão – ação
Esse é um tempo de reencontros mediados pela
energia da criança que nos flexibiliza para o diálogo franco e criativo. É um
tempo de embrenhar-se nas estradas do sertão e encontrar reencontrar tantos
rostos, corpos, tantos seres!
Os movimentos nos levam por
estradas ermas e terras marcadas pela secura da estiagem em maio das quais é
possível encontrar oásis de fartura, de verdura, de águas doces e puras. As emoções afloram e trazem lembranças de uma
história de luta e resistência, construção coletiva que começa há 22 anos.
Lembranças que se revolvem no baú das nossas mentes e se corporificam, se
vivificam. É muita boniteza, como nos dizia Freire, o encontro com os
companheiros, e mais bonito ainda, perceber que os laços que tecemos desceram
às profundezas da terra com raízes tão profundas que sustentam as intempéries da
secura nordestina, sertaneja.
Secura se cura com água e amor
Saudade não se cura.....
Já nos dizia Junio
Santos. Assim meus pés se fincam na
areia grossa e as mãos mergulham no espelho de águas cristalinas que revela as
marcas dessa construção singular e polifônica, desse canto ao mesmo tempo uno e
coletivo.
Ousamos pois debruçar-nos
sobre o vivido para apreender e visibilizar esse saber de experiência feito por
tantas mulheres e homens de todas as idades.
Sim vamos conjugar o verbo esperançar
porque é hora de assumir o compromisso
não só com a luta mas com a conquista; com o sonho e o caminhar coletivo dessa
marcha-dança com pausa para uma
respiração profunda que realimenta corpos, mentes e espíritos de tantas idades
e experiências.
Refletir sobre o caminho, os
caminhos que trilhamos. Debruçar-nos sobre a história para nutrir-se de
esperança e conjugar o verbo esperançar em coros, cortejos, dança, percussão e
poesia, cenopoesia, que faz o coração bater mais forte e rebumba fundo buscando
um ritmo comum para nos conectar com o coração da nossa Mãe Terra; que promove
o diálogo possibilidade de comprometer-nos com a incerteza do certo ou errado
mas com a possibilidade de nos percebermos sujeitos da construção de nossa
história assumindo a autoralidade do conhecimento que produzimos a partir da
nossa experiência, da nossa arte, da nossa vida coletiva nesse movimento que se
expande-se entranha e nos impulsiona a ser mais.
Os questionamentos chegam para
que a problematização possa fazer emergir a consciência crítica que amplia
nosso olhar e percebendo as situações-limite do cotidiano, construir o inédito
viável.
Como caminhar olhando para o
outro e para outra sem perder a essência? Mas qual a essência do nosso
caminhar? Como manter a magia, o encantamento
que nos une amorosamente? Como manter a luta viva e o sentido profundo de
solidariedade que sempre permeou esse movimento?
As perguntas geram outras e
outras mais e assim seguimos aprendendo
uns com os outros fazendo o caminho no caminho e sempre estimulando essa
curiosidade de compreender e lutar contra o que gera opressão.
Assim, à sombra das mangueiras
que nos acolheram e cuidaram, trago a minha gratidão a cada um e cada uma que
se fazem mestres e nos ajudam a caminhar; a Paulo Freire que nos ensinou a
aprender a aprender; e a esse movimento de luta e resistência com o qual me
comprometo pra seguirmos juntos.
Vera Dantas
Felipe Guerra, RN, 01/12/2013
Fonte: http://wwwcenopoesiadobrasil.blogspot.com.br/
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