Dentre vários comentário deixados no blog ao anunciar o termino do Grupo e agora dia 31/05/2011 nosso retorno, gostaria de publicar um comentário deixado por mais um umarizalense que decidiu optar pela arte, meu não só conterrâneo mais amigo “Arlindo Junior” conhecido em nossa terra como “Arlindo Demolay” “Arlindo de seu Arlindo” “Arlindo do alto do Hospital” e dai por diante kkkkk. Escolhi este comentário como um dos que para mim melhor representa o que sentimos neste momento. Fazemos nossas as palavras de Plínio Marcos ao dizer por que ama os atores e o teatro, é por este amor também que não desistimos. Lembro deste texto nas primeiras oficinas que fizemos juntos em Umarizal !! e adianto a você que por mais que pensamentos políticos e escolhas estéticas sejam diferentes sempre teremos algo em comum, tivemos a coragem de optar pela arte, e termino referenciando nosso poeta Escambista Ray Lima “Haja Vida Que da Arte, Haja Arte Que da Vida”.
Depoimento de Arlindo
Primeiramente não acreditei quando me falaram, ao ler a postagem e o comentário não me resta outra alternativa, a não ser me entristecer e lamentar. Apesar de não compartilhar com a escolha estética, artística e política do grupo, mas fazemos arte da mesma forma, e amamos a arte que fazemos e vivenciamos, seja esta qual for. E mas ainda, sem saber dos reais motivos, o único pedido que deixo é, se é pra morrer o grupo, não permitam que morram os artistas, não deixem os palhaços padecerem diante da realidade... Continuem acreditando na arte como potencial de transformação do mundo, seja através de uma realidade social ou por um simples encantamento do público diante do objeto artístico... Mas prossigam meus queridos... Esse é o meu desejo!!! Que a arte que nos alimenta, não deixe nunca de pulsar no nosso corpo. Mantenham-se orgulhosos diante do percurso e da história que vocês trilharam.
Arlindo Bezerra
"Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o bastante para fazê-lo indiferente às desgraças e alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave no qual ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor que viveu em sua vida.
Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingi-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade, e por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de autodestruição a que, por desencanto ou medo, se sujeita, e por aí inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.
Os atores têm esse dom. Eles têm o talento de atingir as pessoas nos pontos nos quais não existem defesas. Os atores, eles, e não os diretores e os autores, têm esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator.
O público vai ao teatro por causa dos atores. O autor de teatro é bom na medida em que escreve peças que dão margem a grandes interpretações dos atores. Mas, o ator tem que se conscientizar de que é um cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade, e sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de seus personagens, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem.
Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajor solitário, sem a bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto íntimo afinidades com as distorções de caráter que seu personagem tem. E amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor sem nenhuma reserva toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado. Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor, que tem que ser construído pela harmonia e pelo amor. Eu amo os atores que sabem que a única recompensa que podem ter – não é o dinheiro, não são os aplausos - é a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos. Eu amo os atores que sabem que no palco cada palavra e cada gesto são efêmeros e que nada registra nem documenta sua grandeza. Amo os atores e por eles amo o teatro e sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica."
Plínio Marcos.
Ass: Emanuel Coringa- Palhaço Lombriga- Cia. Arte e Riso-
Movimento Escambo Popular Iivre de Rua
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