Após o termino do evento chegaram vários e-mails de amigos que acompanharam o evento a distância como nosso eterno companheiro Ciro “ Ciro de Cilene “ que neste momento encontra-se na França Fazendo Doutorado, e nos mandou um E-mail que merece ser postado, saudades e energia positiva pra você amigo.
Logo após o E-mail de Ciro chega um e-mail de um de nossos mestres do teatro de rua. Junior santos que também escreve sobre o evento.

Ai vão as palavras de ambos.


Junio Santos

Cumprimos com mais uma etapa de nossa trajetória. Realizamos o XXVIII Escambo Popular Livre de Rua no bairro popular da COHAB na periferia Umarizal-RN. E como cada escambo que fazemos com sua própria cara. Como não temos formula, projeto, forma definida o escambo vai se moldando a realidade do lugar e dos participantes e como sempre tem acontecido no Movimento novos artistas e curiosos chegam pra viver seu primeiro escambo e isso faz com sempre estejamos começando, o que sempre achei muito bom.

Desse escambo, definido dia 07 de setembro de 2010 na roda final ou inicial do XXVII Escambo em Lucrecia, produzido com muita garra pelo arte e riso, culturarte da Cohab e Caras e Caraíbas do Caraíbas e com o patrocínio total da população da COAHB, que chegava de bicicleta, moto, a pé, com doações de alimentos e até pratos ja prontos confirmamos mais uma vez ser possivel, com muitas dificuldades é claro, ser independentes, inclussive sobre o que conversamos, debatemos, apresentamos e encaminhamos. Isso quer dizer que não discutimos nada distante e irreal para nós como a campanha e os lobbys por fulano ou por sicrano nos cargos públicos. Tratamos de aprofundar a conversa sobre a volta amargosa da repressão aos que brinca ao ar livre, trocando cenas, jogos, danças, cantigas por algumas moedas entregues de forma espontânea e sem sacanagem, nem imposição dos impostos impostores que esvaziam as carteiras do povo brasileiro.

sabemos q teve bons e marcantes momentos e desses podemos destacar a roda e as apresentações do domingo em frente da capela de são francisco, com um público ativo, participante, atiçante, vibrando, entrando em cena, interropendo o espetáculo, mudando e provando que não há estetica que aguente ficar estática quando se abre, sem medo a participação popular.

O Escambar do domingo com a presença do mestre-poeta-barbeiro Toinho de Otília com seus poemas fortes, bem feitos e intrigantes e o respeito e admiração que ele tem por essa moçada escambista de Umarizal.

destacamos ainda e com louvor a presença e a conversa com o mestre carneirinho com 84 anos de boi de reis e cavaquinho dizendo a todos que só tinha 55 anos porque só conta como idade os anos de brincadeiras que geram vida.

O Mestre Lolô com muito saber, garra,interpretação e uma memória fantastica, falando, fazendo cenas, interpretando personagens e cantando textos e músicas de dramas seculares que por muito tempo foram manifestações cênicas de Umarizal.

Isso é muito forte e marca nossa passagem pelo XXIX Escambo na sempre receptiva Umarizal.

Destacamos tb a presença de artistas andarrilhos do Peru, Colombia, Bolívia e pela primeira vez de uma jornalista - a Larisa do Jornal Mossoroense de Mossoró - que se hospedouonde todos se hospedam, comeu e bebeu o que todos comeram e beberam e prepara materia especial sobre o escambo no proximo domingo e no e no domingo sequinte irá publicar uma entrevista que fez conosco.

Pra encerrar envio agradecimentos a Pequena e Francisco Antonio - pai e mãe de Emanuel- que colocaram o carro e a poderosa mais uma vez a serviço do escambo e nos ofereceram um almoço especial no sabado.

A Chico Paulo e Socorrinha, mãe de Joelson, fica nosso agradecimento pelos cafés a tardinha e a Dona Iraci e seu Inácio, seridoenses lá da linda Serra Negra agradecemos de coração pelas panquecas, tapioca, café e as histórias que foram contadas na tardinha do domingo.

no mais parabens a todos e nossos aplausos para o Arte e Riso, Caras Caraíbas, Culturarte e as lindas crianças do grupo de danças semi-desaparecidas Araruna.

Em breve voltaremos a Umarizal com mais e mais teatro de rua, poesia, música, dança, grafite, cinema, fotografia, folguedos populares e a alegria que contagia o Escambo Livre de rua!

Valeu!!
Junio Santos - Cervantes do Brasil



Cyro ( Cyrão)

Gente, daqui da França tenho recebido ótimas notícias e comentários das pessoas de Umarizal sobre o Escambo.
Um movimento como o nosso serve, dentre outras coisas, pra mostrar a merda que os políticos e (in)gestores públicos dizem quando afirmam que "o povo não gosta desse tipo de coisa", utilizando isso como argumento para a aplicação do dinheiro público em shows e espetáculos de gosto duvidoso pro "povão". Cheguei a ouvir de um certo secretário de cultura "não adianta fazer eventos com grupos mais "refinados" porque o povão gosta mesmo é de forró e axé!". O "povão" gosta mesmo do que tem acesso, e o que vemos na verdade é uma "lavagem cerebral", uma imposição de gostos e preferências, ditadas pelas rádios e tvs, os "nike-espaços da vida", como diria o Fred ZeroQuatro.
Dê espaço ao povo, pra ver o que acontece! Dê oportunidade! Dê opções diferentes pra ver! O Escambo vem mostrando isso há décadas! Afinal, nós também somos "povão"!
Vendo as fotos nos diferentes blogs da cidade e do movimento não tive como conter os arrepios e as lágrimas! Ô povo cabeçudo, divergente, conflituoso, amoroso, criativo, inventivo e por tudo isso, lindo! povo! gente!
abraços cheios de saudades e alegria de ver minha pequena cidade se engrandecer e fervilhar mais uma vez com "luta, arte e cultura para cuspir nas estruturas".

AXÉ!
Cyrão

postado: Emanuel Coringa -Palhaço Lombriga- Cia. Arte e Riso



Escambo Livre de Rua desafia o tempo e se prepara para completar 20 anos
Larissa Newton

Gostaríamos de agradecer de coração a Jornalista Larissa Newton que escreveu esta belíssima matéria sobre o Movimento Escambo, não só pela matéria, mas por ter feito a cobertura completa do movimento participando ativamente e em todos os momentos de nossa programação durante os 4 dias fazendo entrevistas, conversando, fotografando visitando nossa cidade, comento e dormindo como todos os escambista no mesmo espaço, UMA VERDADEIRA ESCAMBISTA.
Aproveitando agradecimentos, nosso muito obrigado ao fotografo Helio Creston que liberou suas belas fotos para serem utilizadas em nossos materiais e blogs.




Um movimento popular cultural que desafia o tempo superando obstáculos incríveis e que está prestes a completar 20 anos de existência tem certamente muitas histórias para serem contadas.
No último feriadão, dezenas de jovens, alguns nem tão jovens assim, rumaram para Umarizal. Eram cerca de 150 artistas de rua, das cidades de Lucrécia, Janduís, Upanema, Natal. Só de Fortaleza vieram 45, junto com artistas de rua da Venezuela, Argentina e Colômbia. No ar, a expectativa pela troca de experiências e aprendizados a serem proporcionados neste que foi o XXVIII Escambo Livre de Rua.
Apresentações de teatro, dança, poesia, folclore, malabarismo. O privilégio de ouvir a mensagem em forma de história, teatro e poesia de velhos mestres, como "seu" Carneirinho, "seu" Lolô e de Toinho de Otila, o "poeta barbeiro". O folclore do Cavalo Marinho, do Maracatu, da dança do boi. A dança da araruna apresentada pelas crianças da escola municipal local. Malabares e grafitagem. E, sobretudo, os cortejos à noite, sempre despertando alegria e curiosidade na comunidade. Palhaços com suas brincadeiras hilariantes e espetáculos apresentados ao pé de um poste de luz.
Realizar um evento destes quase sem dinheiro é uma arte que depende da ajuda da comunidade. O segredo está na própria palavra Escambo. A pedagoga e especialista em educação Maria Josevânia Dantas, pesquisadora do movimento Escambo, explica: "O termo escambo era usado na Idade Média para designar a troca direta de mercadorias, sem que houvesse mediação de padrão monetário". Emanuel Coringa, do grupo Arte e Riso de Umarizal, conta como foi: "Os grandes apoiadores são da própria comunidade. Cada um doa dentro das possibilidades. Por exemplo, o dono da mercearia doou 4kg de queijo, a minha vizinha, 50 pães. O dono de uma banca de feira doou grande parte da verdura. Feijão foi o diretor de uma escola. Então isso a gente vai somando até chegar ao que seria necessário para sustentar o movimento em si. A prefeitura nos apoiou liberando a estrutura física da escola municipal através da Secretaria da educação e também doaram em torno de 40 quilos de carne. E, em troca, a gente oferece os espetáculos nas ruas da cidade."
O movimento Escambo Livre de Rua surgiu em 1991, no interior do Rio Grande do Norte, liderado por grupos de artistas populares que se uniram para socializarem suas produções teatrais e seus conhecimentos sobre esta arte. A partir de então, passaram a travar um diálogo permanente sobre a política cultural do País. A insatisfação da classe artística potiguar com a política cultural é a força que sustenta o movimento até hoje. Nestes quase 20 anos, o movimento só obteve apoio oficial por três vezes, mas persiste graças às pequenas parcerias. Durante esse tempo o movimento cresceu e atua em vários municípios do interior do Estado, além do Ceará, Pará e Maranhão.
Artista de Lucrécia, o estudante Anderson, 18 anos, não perde um Escambo. "O Escambo traz conhecimento e reflexão, porque mostra uma cultura diferente da que a gente vê comumente. A cultura do escambo enriquece muito a gente," disse. Aos 14 anos, Romeika já participou de três escambos. "É bom porque é uma forma de inovar e obter conhecimento," revelou. Vitor da Costa também adora os Escambos. "É legal demais conhecer gente nova. Neste Escambo, por exemplo, teve gente do Peru, Argentina... são culturas novas. A oficina o Cavalo Marinho gostei bastante."
Júnior Santos, um dos articuladores do movimento desde o seu nascimento, destaca a importância social do Escambo. "As grandes histórias de sucesso no Escambo são as pessoas que superaram dificuldades, ocuparam seus espaços na comunidade. O escambo alimenta a cidadania. As pessoas crescem. Um exemplo é o Grupo Flor do Sol de Redonda (CE). Lá só tinha uma pessoa formada, que era um professor de matemática. Hoje na Redonda está quase todo mundo formado, todo mundo estudando. Todos estimulados pela própria cultura. E hoje, as crianças quando nascem, os pais já querem que elas entrem no Flor do Sol, por que assim os meninos não fumam crack, não vão roubar. Os meninos estudam, viajam, têm bagagem. Isso é um exemplo. Os nossos grupos todos vêm da zona rural, e tem uma história de vitoria muito forte." E completou: "Temos que desmistificar que a arte é para os escolhidos, ela é para todos. Arte é fácil de ser feita, todo mundo pode. Basta despertar nas pessoas a possibilidade de fazer."
Tudo isso aconteceu em Umarizal graças ao grupo Arte e Riso, que recebeu o Escambo na cidade. Enquanto isso, a Casa de Cultura da cidade está parcialmente interditada há quatro meses por conta de um vazamento na caixa d'água que inundou até a biblioteca. Foram três dias de paz, cultura e exercícios de cidadania, onde o secretário da cultura do município não apareceu.
Para finalizar o evento, uma bola de basquete foi rifada com o objetivo de arranjar o dinheiro para terminar de pagar o ônibus dos grupos que vieram de Fortaleza.



MATERIA COM O MESTRE!!!

RAIMUNDO JOSÉ DA SILVA

Raimundo José da Silva, conhecido por "Seo" Lolô, é um respeitado benzedor e guardião de uma tradição que começou em 1901, que é a Dança dos Negros de São Benedito e da Trezena de Santo Antônio. "Seo" Lolô tem 56 anos e construiu uma capela em Umarizal para homenagear o santo de sua devoção. Analfabeto por força das circunstâncias, "Seo" Lolô mesmo assim é referência de tradições que estão se perdendo no tempo, além de manter um minimuseu na própria casa, onde guarda diversas antiguidades do sertão inclusive armas de alguns cangaceiros, como um cinturão de Maria Bonita e um pequeno revólver usado por Lampião.
O Museu traz tambem em seu acervo o chapéu de Macilon e até mesmo uma das esporas da bota de Jararaca. Nos dias de festa "Seo" Lolô faz pratos típicos africanos que aprendeu com a avó. Criou sozinho três filhos naturais e um adotivo.

por: Larissa Newton

O Mossoroense: “Seo” Lolô, o senhor é herdeiro de uma tradição que teve início em 1901, que é dança dos negros cativos. Conte um pouco desta história pra gente.

Lolô: Eu não sou preto, mas no meu tempo de menino fui criada por minha avó que tinha sido uma preta cativa. E então eu fui criado na sujeição. Não tinha brinquedo, eu trabalhava duro o dia todo, tinha que buscar lenha no mato, pisava sal porque naquele tempo era assim que se moía o sal, moía milho,puxava caroço de algodão, carregava água num pote na cabeça. Carreguei tanta água que até minha cabeça tem essa marca do pote (mostra a marca). Não tive infância, nunca brinquei, quando muito arrumava um osso e saía puxando, e ainda assim me chamavam e botavam pra dentro.

OM: Por que era desse jeito?

L: Porque eu era criado na sujeição delas. Eram quatro mulheres: Antonia, Maria Francisca, Maria Patu e nega Vicença. Elas moravam la no sítio, todas pobres, e elas foram criadas por aquele povo rico, o Coronel Cristalino, o senhor João Nonato, Zé Regalado. Elas foram criadas naquele regime cruel, e então passaram isso pra mim. Naquele regime muito duro, assim eu nunca tive lazer de nada, até hoje nunca fui ao cinema e não sei ler nem escrever, porque elas não me deixavam ir à escola. Apenas sei assinar meu nome. Naquele tempo, às vezes, em noite de lua, a gente ia a pé fazer boca de noite, que é passar um pedaço na casa de vizinhos. Aí la se juntava aquela criançada, fazia o murrão para alumiar.

OM: O que é murrão?

L: Murrão é você pegar um pano, enrolar bem enrolado, ensopar na cera de carnaúba, depois dobrar todinho, deixar uma ponta e acender. Ia a noite todinha.

OM: E como o senhor aprendeu a fazer comida africana?

L: Fui vendo e aprendendo com elas. Sei fazer tuiu na bananeira, é feito com macaxeira, tem o beiju da mulata, que você pega e faz com coco e castanha. É gostoso. Elas trouxeram essas tradições da África e foram cativas do Coronel Cristalino, do major Zé Regalado e dona Cloide, que foi a mulher mais rica da serra de Martins. Então naquele tempo elas eram negas cativas. E lá tudo elas faziam. Elas que me criaram. A gente morava no sítio Rancho do Povo, perto da parede do açude Rodeador do finado Amâncio Barreto. Mas era uma sujeição muito grande, me lembro que uma tarde levei uma surra porque uma delas... uma fazia labirinto, outra fazia puçá, também batia algodão, aí a que tava batendo bilro disse: vá quebrar uns gravetos. Então o finado Leôncio tinha quebrado uma ruma de vara e botou no beco, e eu me descuidei e peguei uma pra aumentar as minhas varas. Quando cheguei ela me obrigou de baixo de peia a devolver o graveto. E Vicença, sempre que a coisa tava ruim, botava um lenço na cabeça e com uma cuia na mão saía por aí, e se ela te encontrasse, por exemplo, já saía dizendo assim: (cantando) Oh, me dá uma esmola, se tiver não negue não, pelo amor de teu pai, eu sou como um papagaio, só como quando me dão. E ali ela tirava as esmolas.

OM: E as brincadeiras de negros?

L: A gente não tinha dinheiro, então inventava um palco e brincava de Rosa Amélia. (Cantando) ... a Rosa Amélia olhou pra mim... moça bonita e arrumada, com uma rosa e um cravo... Tinha também a do cavalo marinho e a da latada, que era tocar fogo em todos os adereços que a gente fazia, no fim da bricadeira.

OM: Apesar de ter sido criado cheio de limitações, nesta vida dura aqui do sertão, o senhor tem um acervo cultural muito rico e ainda construiu esta capela, onde nos encontramos agora. Por que fez isso?

L: Eu sempre prezei muito as tradições, e minha avó sempre rezava as trezenas na casa de taipa onde nos morávamos. E eu sempre dizia que um dia haveria de construir uma capela para Santo Antônio. Pena que nenhuma delas chegou a ver a obra. Eu tenho ainda este Santo Antônio da minha avó que deve ter uns 200 anos. Todos esses santos são antigos.

OM: Então, todo mês de junho aqui tem a trezena...

L: Oh, sim... e vêm romeiros de muitos cantos! Vem romeiro até de Mossoró e do Apodi.

OM: E o que o senhor acha do candomblé, que é uma religião africana. A sua avó e as outras não eram do candomblé?

L: Não. Elas eram da religião católica. Não gostavam de candomblé. A gente fazia a dança de São Benedito dos negros. Só isso. Minha avó sempre rezou. Eu mesmo rezo o Santo Ofício todas as noites. E sei tudo de cor. Também o sonho de Nossa Senhora: "Estava Nossa Senhora em vertente de Belém com seu livro de ouro na mão meio lido meio rezado, chegou seu bento filho e disse: mainha, o que faz? Filho meu, faz três dias que não durmo, outra noite o sonho que tive com vós, eu vi o sol tremer, vi a terra gemer, e as estrelas do céu correr. Eu vi grande dor sobre você, eu vi a sua boca bebendo fel, vinagre e bebidas amargosas, e vi vós uma grande madeira carregar, uma grande coroa de espinhos na sua santíssima cabeça, dois pregos batidos nas suas sagradas mãos, e nos seus benditos pés. Assim falou Jesus: minha mãe tudo que vos sonhastes é a santa verdade, e este sonho continuado, três dias antes da morte aparece Nossa Senhora consertando todos os nossos pecados. Por grande que seja o pecador, por Jesus será perdoado, e por grande que seja o atropelo na vida há de ser aliviado. Quem ouvir este sonho e for justo se arrependerá. Amém. "Esta história, o pessoal do Sebrae, quando veio aqui, me disse que hoje eu era um museu por dentro!

Ass: Emanuel Coringa- Palhaço Lçombriga- Cia. Arte e Riso
MOVIMENTO DE TEATRO POPULAR DE PERNAMBUCO

A origem desse Movimento é de um Teatro feito do povo para o povo. O teatro, como nos disse Augusto Boal, chega ao seu maior grau revolucionário quando o próprio povo o pratica, quando o povo deixa de ser apenas o inspirador e consumidor e passa a ser o fazedor.
Talvez o mais antigo Movimento do Brasil, o MTP/PE existe e resiste há 26 anos. Diversos grupos construíram essa história até que em 2003 o 1º Festival de Teatro de Rua tomou a capital de Pernambuco.
Ao longo desses sete anos, o Festival se tornou referência no calendário cultural do Recife, proporcionando espetáculos, oficinas e seminários para mais de 50.000 pessoas entre público, artistas e técnicos das artes cênicas. Nestes anos circularam grupos locais e de outros estados, como: Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e de outros países da América Latina e Europa, respectivamente, Chile e Itália.
Nesta 8º edição decidimos homenagear dois grandes mestres do Teatro Popular, Amir Hadad e Junior Santos. Realizaremos ainda o encontro Para Além dos Confins, onde debateremos a produção e circulação do Teatro de Rua na América Latina.

Vamos à Programação

8º Festival de Teatro de Rua do Recife 
De 04 a 12 de dezembro de 2010

04/12 – Sábado15h – Cerimônia de abertura: homenagem a Amir Haddad e Junio Santos
16h – Grupo: CIA Um Pé de Dois (Porto Alegre – RS)
Espetáculo: O Homem Banda
Local: Pátio do Carmo – Recife/centro

05/12 – Domingo
14h – Bate-papo com Amir Haddad
Tema: O papel do ator
Local: Sítio da Trindade – Casa Amarela
16h- Ray Lima
Espetáculo: Lâminas
20h – Grupo: Arteiros (Olinda)
Espetáculo: A Herança de Nós Todos
Local: Praça Academia da Cidade – Caetés l – Abreu e Lima

06/12 - segunda-feira
15h – Grupo: Circo VE, Variedades Escênicas (Argentina)
Espetáculo: Prismáticos
Local: Pátio do Carmo – Recife/centro
19h – Grupo: Cia Um Pé de Dois (Porto Alegre – RS)
Espetáculo: Ao Divagar se Vai Longe e de Bicicleta Mais Ainda...
20h – Grupo: Drão de Teatro
Espetáculo: A Quase Morte de Zé Malandro
Local: Terminal do Bongi – Bongi/Recife

07/12 - terça-feira
14h – Roda de conversa - Para Além dos Confins
Local: Escola Pernambucana de Circo
19h – Grupo: Vem Cá, Vem Vê (Recife - PE)
Espetáculo: Quem Ensinou o Diabo a Amassar o Pão?
20h – Grupo: Circo VE, Variedades Escênicas (Argentina)
Espetáculo: Prismáticos
Local: UR7 – Próximo ao Terminal da Várzea

08/12 - quarta-feira
Intervenção artística na Praia de Gaibú

09/12 - quinta-feira
15h – Grupo: Ifá Rhadá de Art’Negra (Olinda)
Espetáculo: Mercadores de Liberdade
16h – Grupo: Circo Além da Lona
Espetáculo: Alô, Gari
Local: Pátio do Carmo – Recife/centro
19h- Grupo: Amanhã Eu Digo o Nome
Espetáculo: FALTA O NOME
Local: Praça Academia da Cidade – Coque/ Recife
20h – Bando La Trupe (Natal – RN)
Espetáculo: O Amor de Alice e Severino

10/12 - sexta-feira
15h – Grupo: Arte e Riso (Umarizal – RN)
Espetáculo: Quem Aposta Como Brocha
16h- Grupo: Ciranduís –(Janduís –RN)
Espetáculo: O Fuxiqueiro
Local: Pátio do Carmo – Recife/centro
19h – Grupo: Circo Além da Lona (Campinas – SP)
Espetáculo: Alô, Gari
20h – Pastoril do Velho Dengoso
Local: Terminal Chão de Estrelas – Recife

11/12 – sábado
Vivência - Junio Santos e Ray Lima
9h as 12h – 14h as 17h
Local: Escola Pernambucana de Circo
19h – Grupo Arte Riso – Umarizal-RN
Espetáculo: O Maníaco do Prato
20h – POESIS-Grupo Cultural do Alto José do Pinho
Espetáculo: Diásporas – Uma Pós-Ética da(s) Humanidade(s)
Local: Rua Casseterita - Guabiraba – Recife

12/12 – domingo
FESTA DE ENCERRAMENTO
Movimento Escambo
Espetáculo: Poemia do Mundo
Bando La Trupe
Risca Faca de Alice
Local: Alto José do Pinho


Fonte: http://www.ciranduis.blogspot.com/

Postado por: Jardeu Amorim
    

Mestre Carneirinho fazendo um som com seu cavaquinho

Durante os quatro dias de Escambo e Arte Pra Rua tivemos muitos momentos marcantes, a cada hora uma nova experiência, uma nova surpresa, algo que superasse todo o previsto. O que normalmente é de se esperar de um evento como esse. Tivemos escambares, coversas, apresentações, cirandas e brincadeiras, mas sem dúvida alguma o que mais marcou no Escambo da COHAB foram as vivências com os mestres da cultura popular umarizalense, nos contando suas histórias e nos motivando cada vez mais a fazer o que nos propomos pelo resto das nossas vidas, que é fazer arte, no cavaquinho o mestre Carneirinho e na interpretação o mestre Lolô que conviveram conosco diariamente, observando a as diversidades e certamente sentindo a arte pulsar nas veias, por isso, a vontade de mostrarem o que sabem foi muito maior que as desilusões que passaram por falta de incentivo, e até mesmo por preconceitos sofridos no passado, e foi  na tarde do sábado que tudo isso ocorreu, já no escambar do domingo a vivência foi com muita poesia popular e muitas músicas com o mestre Toinho de Otília.





"Mestre Lolô em mais uma de suas belas histórias com a atriz natalense Patrícia Caetano"






   




"Mestre Toimho de Otília e seus poemas"









  A Cia. Arte e Riso e o Movimento  Escambo saúdam esses grandes mestres pouco valorizados.



Vejamos mais momentos do escambo pelas lentes do fotógrafo Helio Creston























    Pois é gente, já faz uma semana que o Escambo terminou e só agora tivemos um tempinho para refletirmos o que realmente ocorreu em Umarizal. Foram quatro dias de muita arte e arteiros pelas ruas da nossa cidade, a emoção sempre será inexplicável mesmo não sendo a primeira vez que realizamos um encontro desses. Esse ano concluímos o Escambo juntamente com o Arte Pra Rua, o nosso evento cultural anual.

    Como diria o mestre Junio Santos, um Escambo nunca termina ao seu final, pelo contrário, ele reinicia a partir da despedida dos grupos participantes, pois é ali que começamos a pensar no próximo encontro, e a comunidade a entender o nosso propósito, uma vez que o Escambo tem que existir todos os dias entre a comunidade e seus grupos.

    Dias maravilhosos vivenciamos entre os dias 12 e 15 de novembro, principalmente porque muitas pessoas acreditam no trabalho realizado pelo Movimento Escambo, de que a arte pode sim definitivamente mudar os pensamentos das pessoas para um mundo melhor, e não estamos falando hipocrisia aqui, esses pensamentos, nós realmente acreditamos serem possíveis, é por isso que muitos artistas saem de seus bairros, cidades, estados e até países tirando dinheiro do seu próprio bolso para levarem um pouco de alegria, arte e conhecimento para outros lugares que necessitam desse fazer artístico. Já as pessoas que não conheciam esse trabalho, estão maravilhados com tamanha beleza que é fazer arte, deixando qualquer preconceito pra traz e passando a ver melhor e conhecer o outro sem primeiro julgá-lo. Esse é o espírito de um Escambista, e a cidade de Umarizal está começando a pensar conosco.

    Agradecemos de coração a todos os que contribuíram com mais um evento cultural em Umarizal, desde a grande empresa que colaborou com um bom patrocínio ou a bodega que ajudou com o possível, aos artistas que participaram, aos que não puderam vir, mas que contribuíram para que o escambo acontecesse, aos sites, blogs e jornais presentes no evento, até a última criança sentada na última roda do último espetáculo do domingo.

    Muito obrigado por acreditarem na cultura popular.

    Vejamos alguns momentos




























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