Retrato do Artista Quando Coisa

Cartaz do espetáculo "TRetrato do Artista Quando Coisa"
É preciso transver o mundo, disse Manoel. O espetáculo Retrato do Artista Quando Coisa é o resultado de uma série de transvisões e transversões, é o fruto do olhar modificado dos atores pela poesia cheia de deslimites do Manoel, é invenção do olhar que vê de azul. Os atores, assim, com o olhar azulado, cheios de pássaros e atentos mesmo para as coisinhas mais ínfimas, convidam o público a transver: as cenas, os objetos, a eles, a si mesmos, enfim, as coisas. Pois tudo vira coisa, tudo fica passível de transformação, de ser visto de azul, de ser revisto e transvisto.

O espetáculo tem predileção por transver as coisas abandonadas, tem um olhar para baixo – como o que Manoel confessou ter. Os objetos que compõem o cenário são trastes encontrados no meio da rua, ou inutilidades trazidas a titulo de descarte pelos próprios atores ou por amigos. Os atores se abandonam às coisas, para delas extrair poesia, para fabricar brinquedos com palavras, para revelar seus retratos. O espetáculo é, antes de tudo, um convite. Um convite à brincadeira, ao encantamento, à desconstrução das palavras acostumadas, à linguagem dos pássaros e das pedras, ao deslimite.

Ator e Produtor umarizalense Arlindo Bezerra em cena
SOBRE O GRUPO

A Bololô Cia. Cênica surgiu em 2009 quando Arlindo Bezerra, Luana Menezes, Paulinha Medeiros e Rodrigo Silbat se encontraram no curso de Teatro da UFRN, e decidiram, imatura e irresponsavelmente, mas cheios de sonhos e determinações, criar um coletivo em que pudesse explorar as potencialidades das linguagens cênicas do intérprete-criador, em um trabalho artístico de continuidade.

Em 2011, foi estreado o primeiro espetáculo “Todo Avental”, uma adaptação do texto de Marcos Barbosa “Avental Todo Sujo de Ovo”, dirigido pelo jovem encenador Alex Cordeiro e patrocinado pelo programa BNB de Cultura 2010 – BNDES. Em 2012, a Companhia foi convidada a participar do Projeto Jovens Escribas em Cena, do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare em parceria com o coletivo de escritores Jovens Escribas. Nasceu, a partir deste projeto, o experimento “Na Mesa com o Bobo”, uma adaptação do texto Yorrick, de Márcio Benjamim - o trabalho permanece enquanto um experimento cênico performático no repertório da companhia.

Quando a Bololô Cia. Cênica, ainda no início da sua gestação, assistiu ao espetáculo “Aqueles Dois” da Cia. Luna Lunera (BH), nasceu um desejo intuitivo de trabalhar com eles, nasceu o desejo do encontro. Ao optar pela poesia de Manoel de Barros, ou por ela sermos optados, idealizamos o Projeto Retrato do Artista Quando Coisa, viabilizado através do Prêmio Myriam Muniz de Teatro – FUNARTE 2011, que

possibilitou o encontro das companhias e por fim deu forma ao espetáculo Retrato do Artista Quando Coisa.

Cia. Luna Lunera - ESBOÇO DO ARTISTA QUANDO COISA

Viemos a Natal trazidos por nosso espetáculo “Aqueles Dois”, em 2009. A peça, criada a partir do conto de Caio Fernando Abreu, fala do encontro movido pelo afeto dos personagens Raul e Saul; uma trajetória que tem nos permitido belos laços. “Aqueles Dois” havia sido dirigido a dez mãos. E os integrantes da Bololô Cia. Cênica quiseram que algumas dessas mãos se unissem às deles para dirigi-los em sua nova criação.

Nós, vindos de Minas, periodicamente estivemos aqui, em 2012, entre travessias, e-mails, presença e estímulo. Daqui de Natal, uma equipe cuidadosa e atenta deu suporte aos atores-criadores vigorosos e plenos de vontade. Um exercício instigante, libertário, objeto retirador de ceras do ouvido, de escamas dos olhos e

do sebo da pele.

Juntos de Manoel de Barros, exercitamos o ser “capaz de inventar um lagarto a partir de uma pedra”, “uma tarde a partir de uma garça”. Talvez a ideia é que esse exercício seja contínuo e mutável a cada encontro com o espectador. Por isso brincamos, há pouco, se tratar de um “Esboço”. Porque, para que essa vivência se torne mesmo um “Retrato”, é preciso que o espectador se abandone ali no quintal, jogando conosco. Talvez a ideia seja que este grande “bololô” formado debaixo da imensa árvore torta nem precise mais de ideias: “terá chuvas, tardes, ventos, passarinhos”, tudo tão bonito e simples que mereceria ser chamado “coisa”.

(Cia. Luna Lunera, 2012)

FICHA TÉCNICA

Elenco:

Arlindo Bezerra
Luana Menezes
Paulinha Medeiros
Rodrigo Silbat

Direção: Cia. Luna Lunera
Assistência de direção: Alex Cordeiro
Concepção: Bololô Cia. Cênica, Cia. Luna Lunera,
Alex Cordeiro e Paula Vanina
Direção de arte: Paula Vanina
Direção musical: Ângela Castro, Tiquinha Rodrigues, Toni Gregório
Iluminação: Bololô Cia. Cênica
Consultoria de iluminação: Ronaldo Costa
Operação de iluminação: Alex Cordeiro
Preparação vocal: Tiago Landeira
Preparação corporal: Rodrigo Silbat
Dramaturgia: Luana Menezes
Fotografia: Pablo Pinheiro e Tiago Lima
Video-documentário: Larissa Ribeiro Dantas
Produção: Mapa Realizações Culturais

Serviço
Retrato do Artista Quando Coisa

Local: Casa das Artes de Ponta Negra (Rua São Mateus, 430, Vila de Ponta Negra)
Datas: Fevereiro - Dia 23 (sábado)
Março – Dias 02, 09, 16, 23 e 30 (sábado)
Dias 24 e 31 (domingo)
Hora:17h
Valor de ingressos: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia)
Venda de ingressos: MAPA Realizações Culturais
Informações: 2010 5980

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