Um pouco mais sobre o Escambo de Fortaleza


           Mais um encontro do escambo aconteceu, e mais uma vez volto mais forte dele. Só que dessa vez voltei mais pensativo e mais determinado a continuar nesse caminho do que antes.
           Foi algo gratificante o escambo do Pici. Uma sensação que não se resume em palavras.
           Fico muito feliz em vez esse movimento crescendo e se multiplicando a cada dia,.Plantamos mais uma semente, dessa vez, no Pici, pq o escambo não constrói prédios nem edificios, ele cava o alicerce  e  ajuda, incentiva as pessoas de determinado lugar que continuem a construção.
           Ser escambo é ser livre, é contruir sonhos e realizar esses sonhos. O escambo alimenta a alma do artista e a vida da sociedade, somos um movimento que luta pela cultura popular e pela consciência do cidadão, transformamos lixo em arte, "marginais" em artistas, crianças deixam de ser um pensamento pro futuro e tornam-se uma realidade no presente, fazemos de um simples espaço uma festa, de um simples batuque do tambor uma manifestação, de um simples nariz de palhaço trazemos os sorrisos aos rostos daqueles que na maioria das vezes são esquecidos, mas sempre são os primeiros que nos valorizam e nos prestigiam. É assim que temos que continuar caminhando, nos bairros pobres que os "ladrões de terno e gravata" chamam de "favela" ou "periferia", descobri nesse XXVI Escambo que nós precisávamos muito mais das pessoas do Pici do que elas de nós, aprendemos muito mais do aquilo que pensamos que poderíamos ensinar.
           A arte é o que nos alimenta, e como diria nossa mestre Júnio Santos só a arte nos salva.
           Eu faço parte de um grupo que não tem quase nada material e financeiro, realidade de muitos grupos do movimento, mas temos um pessoal da pesada, que anda em todas as esquinas e becos do mundo fortalecidos por um movimento ainda maior e mais forte e que não nos deixa cair jamais. Queremos mudar o mundo, e isso não é hipocrisia, queremos e vamos mudar o mundo, trasformando tristeza em arte, pobreza em oportunidade, e os desempregados e excluídos nós trazemos para o nosso lado, para ser feliz com a gente.
           Ser escambo, fazer escambo é construir possibilidades, plantar sorrisos no rosto de cada cidadão em todo e qualquer lugar. Somos artistas, fazemos arte, fazemos vida. Pois como diria o Miguel (grande artista de que trabalho com teatro de bonecos em Brasília), a qualidade de vida não se resume ao capitalismo, mas sim na forma com que você se relaciona com as pessoas, obrigado Escambo por me fazer um ser melhor e mais forte cada dia.
           E a única coisa que eu desejo a todos é continuar, afinal, temos muito protestos pra fazer, muitas ruas e praças pra invadir e muita gente e muitos lugares pra transformar.
           
           XXVII Escambo Popular Livre de Rua em Lucrécia de 4 a 7 de setembro de 2010.

Sergio Rubens, Ator, poeta, malabarista e palhaço da Cia Arte e Riso e do Movimento Escambo.

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